São Tiago Rio de Moinhos
Ali nas Abas da Serra D'Ossa
Por aqui:
Poet'anarquista
Eu já vou tendo soidades
Da mocidade perdida
Camarada, ainda há-des
Ter ferro da minha vida
Sou o neto do Catonho
Já a cara se me engelha
Tou velho, mas inda ponho
O cuspo atrás da orelha
Foi nos balhos da Ferrenha
Que me foi crescendo o buço
O mê amigo na venha
Enfiar-me o carapuço
Entre açorda e capacho
Fui espigando até crecer
Minguando, aqui me acho
Para o que der e vier
Um estramel para aquecer
Com uma passinha de figo
Para a ordenha render
E ficares meu amigo
O ajuda foi ao monte
Com o tarro e o talego
Eu levo o barril à fonte
E a boia é um conchego
No alforge trago a corna
Não gosto de açorda cega
À tarde, bato uma sorna
Vida boa, ninguém nega
Hoje vim de biciclete
E prantei-a no espeque
Só espelhos, tenho sete
Mas que grande calhambeque
No Verão, dormi na êra
No Outono, no palhêro
Sonhando ca Primavera
Passei o Enverno entêro
Redondo, Rei das Panelas
Estremoz Rei dos Tócinhos
Landroal é Rei das Belas
São Tiago Rei de Moinhos
Foi-se o Monte das Noguêras
E também quem lá nasceu
Assim se mudam as eras
E ódespois lá vou eu…
Estas versalhadas mansas
Fazem-me sentir engulhos
Soidades dessas matanças
Vinho tinto e sarrabulhos…
Acabou o alavão
Os caniços lavadinhos
Ó abre, que eles lá vão
De volta a rio de moinhos.
Missão cumprida, voltamos
Ó casa, minha casinha
É disto que nós gostamos
Mecha para a minha rainha…
Manel Calado
(Amanhã, se quiser cá voltar,
Haverá mais Linguajar!)
Poet'anarquista
Sem comentários:
Enviar um comentário