São Tiago Rio de Moinhos
Ali nas Abas da Serra D'Ossa
Hoje olhei com amor para a minha aldeia. Porém, ao longo da minha vida,
essa relação tem sido oscilante.
Há uns anos, costumava apresentá-la como a aldeia mais feia do Alentejo.
Cheguei a propor, numa reunião com responsáveis pelo Turismo regional, que o marketing turístico da aldeia se baseasse nesse facto incontornável. A Aldeia mais Feia do Alentejo.
A aldeia antiga, essa, quase foi extinta.
Mas hoje reparo como está limpinha, sem lixo no chão, casas pintadas, gente simpática, amável. Gente boa. Está-se bem, em Rio de Moinhos. Com a serra d'Ossa, ao fundo. E o Castelão.
PS. Todas as pequenas comunidades, sobretudo as mais isoladas, desenvolvem características peculiares, em termos de linguajar. Rio de Moinhos, também.
Há anos que, com minha irmã, tentamos reunir algumas expressões e termos mais específicos.
Ultimamente, tenho-me divertido a fazer quadras ao gosto popular, usando as entradas desse dicionário Arregoteiro- Português.
Fonte: facebook manuel.calado
Poeta Popular Manel Calado
LINGUAJAR (quadras ao gosto popular)
Cá vão, a título de exemplo, algumas delas:
Eu sei
que tou passaranas
Fui picado por um mechano
Vou passar duas semanas
É melhor que ser um ano.
Versando a mole e mole
Na fala da minha terra
O que um arregotêro bole
Pa na ir ó mato à serra.
Fui beber água ao Chaboco
Espanfei-me a dromir a sesta
Beijei-te, soube-me a pouco
Que mecha de vida esta.
Tu, meiga e empalagosa,
Enregas a espinicar
Eu sou caco, tu a Rosa
Que até dá gosto cheirar.
És bonita, palpitosa
A menina dos mês olhos
Alvores , opiniosa:
Toma lá beijos aos molhos.
Sou um malandro aguçoso
Chamborgas e estrafalário
Sou Pé Leve, dá-me gozo
Ando a cumprir o Fadário.
Não gosto dela à manela,
Já lá dezia o Tatinha,
Quero vê-la, quero tê-la
Mas olha que sina a minha
Fui picado por um mechano
Vou passar duas semanas
É melhor que ser um ano.
Versando a mole e mole
Na fala da minha terra
O que um arregotêro bole
Pa na ir ó mato à serra.
Fui beber água ao Chaboco
Espanfei-me a dromir a sesta
Beijei-te, soube-me a pouco
Que mecha de vida esta.
Tu, meiga e empalagosa,
Enregas a espinicar
Eu sou caco, tu a Rosa
Que até dá gosto cheirar.
És bonita, palpitosa
A menina dos mês olhos
Alvores , opiniosa:
Toma lá beijos aos molhos.
Sou um malandro aguçoso
Chamborgas e estrafalário
Sou Pé Leve, dá-me gozo
Ando a cumprir o Fadário.
Não gosto dela à manela,
Já lá dezia o Tatinha,
Quero vê-la, quero tê-la
Mas olha que sina a minha
Manel Calado
(Amanhã, se quiser cá voltar,
Haverá mais Linguajar!)
Poet'anarquista
Sem comentários:
Enviar um comentário