«Calvário»
Pintura Portuguesa do Séc. XVI
Por Diogo Contreiras
CALVÁRIO
I
Jesus expira sobre a montanha sagrada
Pregados ao Madeiro, os braços magros, nus.
Treme o solo, e do céu cai a noite fechada.
O Sol não manda à Terra uma réstia de luz.
Tremendo em convulsões, de lágrimas banhada,
Madalena soluça, abraçando-se à cruz,
Enquanto a Mãe de Deus, muda, petrificada,
Hirta de dor, contempla o corpo de Jesus.
Ante a morte de um Deus, em fúria os elementos
Rasgam raios o espaço e ribomba o trovão,
E um clamor de vingança ecoa aos quatro ventos.
E entre tanta revolta e tanta maldição,
Jesus lança em redor, sem ódio e sem lamentos,
Seu compassivo olhar de infinito perdão!
II
Hoje há por toda a terra um vendaval de morte,
Da morte da matéria e das almas também.
No ódio pretende ser cada povo o mais forte,
E não conta as razões, conta as armas que tem.
Santo não há que os guie ou sábio que os exorte.
É tido por traidor quem pregue o Amor e o Bem...
Homens onde ireis, tendo a ambição por norte?
À ruína? À lama? À treva? Ireis, por certo, além.
Como fazer para insensata corrida
À morte inglória e vil, de homens fugindo à luz
Nesta fúria infernal, assassina e suicida?
Ergo o olhar: é o Calvário, e no seu topo a Cruz.
Dela só podem vir o Amor, a Paz e a Vida.
Tem dos homens piedade, Homem que és Deus, Jesus!
Bastos Tigre
(poeta brasileiro)
I
Jesus expira sobre a montanha sagrada
Pregados ao Madeiro, os braços magros, nus.
Treme o solo, e do céu cai a noite fechada.
O Sol não manda à Terra uma réstia de luz.
Tremendo em convulsões, de lágrimas banhada,
Madalena soluça, abraçando-se à cruz,
Enquanto a Mãe de Deus, muda, petrificada,
Hirta de dor, contempla o corpo de Jesus.
Ante a morte de um Deus, em fúria os elementos
Rasgam raios o espaço e ribomba o trovão,
E um clamor de vingança ecoa aos quatro ventos.
E entre tanta revolta e tanta maldição,
Jesus lança em redor, sem ódio e sem lamentos,
Seu compassivo olhar de infinito perdão!
II
Hoje há por toda a terra um vendaval de morte,
Da morte da matéria e das almas também.
No ódio pretende ser cada povo o mais forte,
E não conta as razões, conta as armas que tem.
Santo não há que os guie ou sábio que os exorte.
É tido por traidor quem pregue o Amor e o Bem...
Homens onde ireis, tendo a ambição por norte?
À ruína? À lama? À treva? Ireis, por certo, além.
Como fazer para insensata corrida
À morte inglória e vil, de homens fugindo à luz
Nesta fúria infernal, assassina e suicida?
Ergo o olhar: é o Calvário, e no seu topo a Cruz.
Dela só podem vir o Amor, a Paz e a Vida.
Tem dos homens piedade, Homem que és Deus, Jesus!
Bastos Tigre
(poeta brasileiro)
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