Décimas a cargo do poeta popular Manuel Inácio Veladas, mais conhecido por «Limpas». Nasceu a 12 de Junho de 1926, na aldeia de Ferreira de Capelins, freguesia de Santo António de Capelins do concelho de Alandroal. Exerceu a profissão de tractorista e começou a fazer poesia quando contava apenas 14 anos. Este poeta tem a particularidade de decorar décimas com muita facilidade, não só as suas, mas igualmente as de outros poetas populares. É o que se pode chamar na gíria... memória de elefante!
Poet'anarquista
Manuel Inácio Veladas (Limpas)
Poeta Popular
MOTE
Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém
Quem não trabalha e come
Come sempre o pão de alguém.
Glosas
1ª
Se em todo o mundo existisse
A justa compreensão
Estava garantido o pão
A todo o que produzisse.
Quem de produzir fugisse
Aí já era conforme
A lei p'ra quem nos consome
Por mau instinto e preguiça,
Sem ver que clama justiça
Quem trabalha e mata a fome.
2ª
Quem produz em qualquer arte
Quer justiça social
Quem não produz quer-nos mal
É melhor pôr-se de parte.
Estimar-se não tem encarte*
Quem não pensa em fazer bem
Junto a nós só nos convém
Quem algum produto deu,
Quem produz, come o que é seu
Não come o pão de ninguém.
3ª
Com excepção dos doentes
Que não podem trabalhar
Dispus-me assim a falar
Com verdades evidentes.
Refiro-me aos inconscientes
Que querem no mundo a fome
E não querem que se transforme
O mundo em mais igualdade,
Não faz falta à sociedade
Quem não trabalha e come.
4ª
Resumir-vos com decência
Bem quanto sofre a pobreza
Que passa a vida em tristeza
Exclamando à providência.
Mais amor, mais consciência
P'lo pobre que nada tem
Por vezes contra também
A Deus, quando assim murmura,
Quem nada faz, ter fartura
Come sempre o pão de alguém.
Limpas
*Não merece.
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