25 de Abril de 1974 Sempre!
Comemorações do 25 de Abril de 2012
Intervenção do Presidente da Câmara João Grilo
Evocação
do 25 de Abril de 1974
Inauguração da Requalificação da Antiga Escola Primária de Alandroal
Passam hoje 38 anos sobre o 25 de Abril de 1974.
Numa altura em que o país está endividado e a viver de ajuda
externa, numa altura em que o desemprego não pára de aumentar, numa altura em
que as dificuldades das famílias são cada vez maiores e começam a mexer com a
estrutura do tecido social, numa altura em que sentimos que a Justiça não
resolve, que a Saúde nos vai faltando, que a Protecção Social é menor,e que a
Segurança não nos tranquiliza, é importante não esquecer o longo caminho
percorrido desde esse dia até hoje.
Neste clima em que vivemos, tenho ouvido algumas pessoas
dizer, de animo muito leve, que “isto só já lá vai com outro 25 de Abril”!
E confesso que é uma afirmação que me espanta e preocupa.
“Outro 25 de Abril”? O que quer isto dizer? Outra revolução?
Será que quem diz isto tem noção do que está dizer? Será que quem diz isto sabe
o que foi o 25 de Abril e para que serviu?
Uma revolução feita para destruir uma ditadura e criar
condições para instalar no seu lugar uma democracia tem toda a legitimidade,
merece ser celebrada e será sempre um dos grandes exemplos que Portugal deu ao
Mundo de que sabe estar do lado certo da História. (E é graças a isso e por
isso que aqui estamos hoje!)
Mas defender uma revolução em democracia o que é? Pode um
qualquer grupo de pessoas achar que, pela força das armas ou de qualquer outra
forma, tem o direito de impor à maioria o que é a sua vontade particular? Então,
meus amigos, não é isso mais que a defesa da ditadura e o mais baixo dos
ataques à Democracia?
Não pode ser esse o caminho! Tem muitos defeitos a
Democracia, todos os conhecemos, e em momentos de crise eles são ainda mais
evidentes.
A nossa democracia está longe de conseguir acabar com a
injustiça, com a desigualdade, com a corrupção, com o despesismo, com o
desgoverno...
Mas com todos os seus defeitos, como terá dito Churchill, e
como canta Sérgio Godinho, “A Democracia é o pior de todos os sistemas,
com excepção de todos os outros.”
É dentro dela que temos que encontrar soluções.
A Democracia não chega aos Povos acabada e pronta a usar sem
contra-indicações! Precisa de ser construída, defendida e reinventada a cada
dia, os seus males constantemente combatidos e não, pelo contrário, posta em
causa!
Portanto, ou estas vozes que agora se ouvem são periféricas
dentro da nossa sociedade – e eu quero acreditar que sim – ou o caminho que
temos que percorrer é mais longo do que parece.
A defesa da Liberdade nunca é um trabalho acabado.
A liberdade é como o ar que respiramos: está por todo o
lado, raramente pensamos nele, não podemos viver sem ele, mas só nos
apercebemos da sua importância quando nos começa a faltar. Da mesma forma, só
damos importância à liberdade que nos rodeia quando ela começa a ser beliscada.
Sei qual era o ar que se respirava no concelho ainda não há
muito tempo. Sei qual era o ar que se respirava dentro da Câmara Municipal
ainda não há muito tempo.
Sei que a muitos, dentro e fora da câmara, ia faltando o ar
no dia a dia.
Sei que hoje se respira outro ar. Ar puro que até faz
parecer que sempre foi assim. Pois eu peço-vos que respirem fundo, encham bem
os pulmões e valorizem essa dádiva que é vossa por direito mas que está sempre
em risco de vos ser retirada!
Fico muito satisfeito por estarmos a criar na câmara e no
concelho uma forma de estar em que as pessoas se sentem livres para opinar,
para discordar, para fazer apenas o que acham que está correcto, para avaliarem
e serem avaliadas, para se envolverem nas decisões, para fazerem parte da
solução e não do problema.
E isto, é mais importante para o Concelho do que qualquer
outro tipo de “obra”. É nisto que o Concelho mais precisa de crescer!
Precisamos de ter uma população mais exigente consigo
própria e com os seus políticos. Mais capaz de pensar por si própria em vez de
seguir cegamente um símbolo, uma bandeira, uma pessoa ou uma cor! Menos
permeável a promessas e a falsos profetas. Mais exigente com a verdade, com a transparência
e com o rigor. Só assim vamos conseguir construir o Concelho que ambicionamos e
é este o nosso maior desafio.
Inauguramos de seguida a obra de requalificação da Antiga
Escola Primária do Alandroal. Um espaço que faz parte da memória e do imaginário
colectivo da maioria dos alandroalenses. Um espaço de educação, de crescimento,
e de formação da identidades dos homens e mulheres do concelho do
Alandroal ao longo de gerações.
Um espaço que requalificámos para voltar a ter funções
educativas. Aqui vai ficar sediado o Pólo do Alandroal da Escola Popular Túlio
Espanca, projecto que começámos a desenvolver no início do mandato e que conta
hoje com quase 500 alunos, distribuídos por actividades tão diversas como a
ginástica, o teatro, a informática, o inglês, a história, a poesia ou os
instrumentos tradicionais e já presente em quase todas as localidades do
concelho.
Aqui está já instalada, provisoriamente, a Creche “Anastácia
Franco de Carvalho” do Centro Social e Paroquial de Alandroal, que se encontrava
em instalações muito degradadas e a ficar sem condições mínimas de
funcionamento.
O espaço da cave volta a funcionar como sede da Sociedade
Columbófila Alandroalense.
Aqui vai haver espaço para formações, workshops, ateliês...
É portanto, com um enorme prazer que retiramos do esquecimento este magnífico
edifício e o devolvemos à comunidade local.
Esta obra é o melhor exemplo da filosofia que queremos
imprimir neste concelho: Sempre que possível evitaremos a construção de
edifícios novos, procurando recuperar antigos edifícios, com interesse
histórico, localizados no coração das localidades, para com isso, também lhes
dar-mos vida.
Este largo onde nos encontramos é um bom exemplo disso.
Depois da requalificação desta escola, estamos já a ultimar
o projecto de requalificação da Capela de Santo António para que esta reúna
todas as condições para continuar a funcionar como casa mortuária.
E aqui bem perto, também já estamos à procura de soluções
para o antigo Posto da Guarda Fiscal do Alandroal, que até há bem pouco tempo
acolheu a biblioteca municipal.
Nas nossas costas, por detrás deste edifício, está o exemplo
oposto, aquilo que não se deve fazer bem à vista de todos. Mas garanto-vos que
também esta biblioteca será concluída.
Ainda no que diz respeito à educação, temos em fase de
conclusão o novo Centro Escolar de Santiago Maior, obra que encontrámos em
andamento mas sem um cêntimo pago ao construtor – que acabou por ter que ser
substituído – e que estará pronta a tempo do arranque do próximo ano lectivo.
Na última reunião de câmara foi aprovado o projecto,
programa de concurso e caderno de encargos da requalificação da Escola de
Terena, que vai continuar a acolher os alunos do primeiro ciclo e do
pré-escolar da freguesia. A obra vai arrancar muito em breve e esperamos poder
contar com o apoio da Direcção Regional de Educação para esta obra que ronda os
300 mil euros de investimento e que não pode ser enquadrada em financiamento
comunitário.
Por fim, quero dizer-vos também que, em colaboração com a
Direcção Regional de Educação, temos feito progressos para desbloquear a
situação da EBI Diogo Lopes de Sequeira, aqui no Alandroal, onde ficaram por
executar o pavilhão gimnodesportivo e alguns arranjos exteriores.
E falo apenas do trabalho mais ligado à educação. Porque
estamos a trabalhar com igual determinação no apoio aos jovens e aos
empresários, na acção social e na cultura, no turismo e no património e em
todas as áreas da actividade municipal.
Portanto, meus amigos, só alguns mais desatentos ou com
outras motivações é que podem dizer que estamos parados na Câmara do Alandroal.
Não só não estamos parados, como estamos a preparar o futuro
com o horizonte mais amplo com que alguma vez se trabalhou neste município.
Estamos a preparar o futuro a olhar para cima mas com os pés bem assentes na
terra. Estamos a preparar o futuro com um equilíbrio entre pragmatismo e
ambição que este concelho nunca teve. Estamos a preparar o futuro com um
equilíbrio entre o que queremos fazer e o que podemos gastar, e a definir as
prioridades certas com profundo respeito pelos dinheiros públicos.
Peço a todos que nos ajudem a prosseguir neste caminho.
Viva o 25 de Abril,
Viva o Concelho do Alandroal,
Viva Portugal!
Fonte: MUDA
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