quinta-feira, 19 de abril de 2012

POESIA - LORD BYRON

O poeta inglês George Gordon Noel Byron, mais conhecido por Lord Byron, nasceu em Londres a 22 de Janeiro de 1788. Foi uma das figuras mais influentes do romantismo na sua época e considerado um dos maiores poetas europeus de sempre, continuando a ser muito lido até aos dias de hoje. Duas das suas obras mais célebres foram sem dúvida «Peregrinação de Child Harold» e «Dom Juan». Byron faleceu em Missolonghi, na Grécia, a 19 de Abril de 1824.
Poet'anarquista
Poeta Inglês Lord Byron
Retratado por Théodore Géricault
SOBRE O POETA...

George Gordon Noel Byron nasceu em 1788, em Londres. Os seus escritos são marcados pela melancolia, idealização do amor e prazeres, um turbilhão de sentimentos aparentemente contraditórios. Utilizou o conceito de «spleen», que seria o próprio tédio com relação à vida, um descontentamento profundo, que aparecia constantemente nas obras de Byron.

Classifica-se a sua obra e o seu estilo literário na segunda fase do romantismo. Justamente por ser uma fase ultra-romântica, que traz à tona esses aspectos tão presentes em Byron, também é conhecida como Byroniana.

Apesar do seu primeiro livro, «Ociosidade das Horas», não ter recebido boas críticas – foi o início de uma brilhante carreira. Obras como «Peregrinação de Childe Harold», «O Corsário» e «Lara», vingaram o primeiro trabalho e tiveram várias edições e traduções.

Acredita-se que a vida pessoal de Byron tenha influenciado bastante a sua obra. Desde cedo experimentou amores, concretos e impossíveis, assim como os prazeres da carne.

A sua vida pessoal, além disso, foi marcada por polémica. Casou-se em 1815 com Anne Milbanke, mas separou-se no ano seguinte. Juntou-se a isso o boato de uma relação incestuosa, entre Byron e sua meia-irmã, Augusta Leigh. 

Mas, no ano seguinte, Byron foi morar em Veneza, onde levou ao limite a sua vida de boémia, sempre rodeado de mulheres e regado a álcool. O poema «Beppo, uma História Veneziana», sátira da sociedade veneziana da época, foi escrito nessa fase da sua vida. 

Ainda foi viver com a Condessa Teresa Guiccioli, em 1819, em Ravena. Mas logo partiu para Pisa, onde escreveu «O Deformado Transformado», que carrega um pouco de autobiografia na sua trama.

Morreu jovem, ainda aos 36 anos, de uma febre. Mas, apesar da pouca idade, pode-se dizer que Byron aproveitou bem a vida, embora tenha sido mal visto por algumas classes da sociedade. Prova disso foi que os seus restos mortais foram recusados na Abadia de Westminster. O autor foi sepultado, então, perto da Abadia de Newstead.

Algumas das mais importantes obras do autor: «Horas de lazer» (1807), «Poetas Ingleses e Críticos Escoceses» (1809), «A Peregrinação de Childe Harold» (1812-1818), «O Prisioneiro de Chillon» (1816), «Manfred» (1817), «Beppo» (1818), «Don Juan» (1819-24).
Fonte: pensador.info


ESTÂNCIAS PARA A MÚSICA

Alegria não há que o mundo dê, como a que tira.
Quando, do pensamento de antes, a paixão expira
Na triste decadência do sentir;
Não é na jovem face apenas o rubor
Que esmaia rápido, porém do pensamento a flor
Vai-se antes de que a própria juventude possa ir.
Alguns cuja alma bóia no naufrágio da ventura
Aos escolhos da culpa ou mar do excesso são levados;
O ímã da rota foi-se, ou só e em vão aponta a obscura
Praia que nunca atingirão os panos lacerados.
Então, frio mortal da alma, como a noite desce;
Não sente ela a dor de outrem, nem a sua ousa sonhar;
toda a fonte do pranto, o frio a veio enregelar;
Brilham ainda os olhos: é o gelo que aparece.
Dos lábios flua o espírito, e a alegria o peito invada,
Na meia-noite já sem esperança de repouso:
É como na hera em torno de uma torre já arruinada,
Verde por fora, e fresca, mas por baixo cinza anoso.
Pudesse eu me sentir ou ser como em horas passadas,
Ou como outrora sobre cenas idas chorar tanto;
Parecem doces no deserto as fontes, se salgadas:
No ermo da vida assim seria para mim o pranto

 Lord Byron

UMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO HUMANO

Não recues! De mim não se foi o espírito...
Em mim verás - pobre caveira fria -
Único crânio que, ao invés dos vivos,
Só derrama alegria.

Vivi! Amei! Bebi qual tu: na morte
Arrancaram da terra os ossos meus.
Não me insultes! Empina-me!... Que a larva
Tem beijos mais sombrios do que os teus.

Mais vale guardar o sumo da parreira
Do que ao verme do chão ser pasto vil;
- Taça - levar dos Deuses a bebida,
Que o pasto do réptil.

Que este vaso, onde o espírito brilhava,
Vá nos outros o espírito acender.
Ai! Quando um crânio já não tem mais cérebro
...Podeis de vinho o encher!

Bebe, enquanto inda é tempo! Uma outra raça,
Quando tu e os teus fordes nos fossos,
Pode do abraço te livrar da terra,
E ébria folgando profanar teus ossos.

E por que não? Se no correr da vida
Tanto mal, tanta dor ai repousa?
É bom fugindo à podridão do lado
Servir na morte enfim p'ra alguma coisa!...

 Lord Byron

A INÊS

Não me sorrias à sombria fronte,
Ai! sorrir eu não posso novamente:
Que o céu afaste o que tu chorarias
E em vão talvez chorasses, tão somente.

E perguntas que dor trago secreta,
A roer minha alegria e juventude?
E em vão procuras conhecer-me a angústia
Que nem tu tornarias menos rude?

Não é o amor, não é nem mesmo o ódio,
Nem de baixa ambição honras perdidas,
Que me fazem opor-me ao meu estado
E evadir-me das coisas mais queridas.

De tudo o que eu encontro, escuto, ou vejo,
É esse tédio que deriva, e quanto!
Não, a Beleza não me dá prazer,
Teus olhos para mim mal têm encanto.

Esta tristeza imóvel e sem fim
É a do judeu errante e fabuloso
Que não verá além da sepultura
E em vida não terá nenhum repouso.

Que exilado - de si pode fugir?
Mesmo nas zonas mais e mais distantes,
Sempre me caça a praga da existência,
O Pensamento, que é um demônio, antes.

Mas os outros parecem transportar-se
De prazer e, o que eu deixo, apreciar;
Possam sempre sonhar com esses arroubos
E como acordo nunca despertar!

Por muitos climas o meu fado é ir-me,
Ir-se com um recordar amaldiçoado;
Meu consolo é saber que ocorra embora
O que ocorrer, o pior já me foi dado.

Qual foi esse pior? Não me perguntes,
Não pesquises por que é que consterno!
Sorri! não sofras risco em desvendar
O coração de um homem: dentro é o Inferno.

 Lord Byron

1 comentário:

Unknown disse...

Poemas maravilhosos. Grande Byron