Natal, Símbolos e Tradições.
«O Natal»
O Natal é uma festa cristã envolta em ritos e tradições. É
celebrado no dia 25 de Dezembro em comemoração ao nascimento de Jesus Cristo.
De acordo com um almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336.
Na parte oriental do Império Romano, comemorava-se em 6 de Janeiro tanto o
nascimento de Cristo quanto o seu baptismo.
No século IV, as igrejas orientais passaram a adoptar o dia
25 de Dezembro para o Natal, e o dia 6 de Janeiro para a Epifânia (manifestação)
— festividade religiosa em que se celebra a aparição ou manifestação divina e
que ocorre em 6 de Janeiro, data em que se comemora a primeira manifestação de
Jesus Cristo aos gentios, representados pelos reis magos, e a manifestação de
sua divindade (o seu baptismo no rio Jordão) e o seu primeiro milagre — nas bodas de
Canaã, transformando água em vinho.
A festa do Natal foi instituída oficialmente pelo bispo romano Libério (m. 366)
no ano 354. Na verdade, a data de 25 de Dezembro não se deve a um estrito
aniversário cronológico, mas sim à substituição, com motivos cristãos, das
antigas festas pagãs. A razão provável da adopção do dia 25 de Dezembro é que os
primeiros cristãos desejaram que a data coincidisse com a festa pagã dos
romanos dedicada “ao nascimento do Sol inconquistado”, que comemorava o
solstício do inverno.
No mundo romano, a Saturnália, comemorada em 17 de Dezembro, era um período de
alegria e troca de presentes. No Ano Novo romano, comemorado no 1º de janeiro,
havia o hábito de enfeitar as casas com folhagens e dar presentes às crianças e
aos pobres. A esses costumes, foram acrescentados os ritos natalinos germânicos
e célticos, quando as tribos teutónicas penetraram na Gália, na Grã-Bretanha e
na Europa Central. A acha de lenha, o bolo de Natal, as folhagens, o pinheiro,
os presentes e as saudações comemoram diferentes aspectos dessa festividade. Os
fogos e luzes são símbolos de ternura e vida longa.
Tanto a astronomia quanto a história apontam para a
possibilidade de a estrela de Belém, longe de ser um artifício destinado a
reforçar uma tradição religiosa, constituir um fenómeno autêntico. O facto,
entretanto, teria ocorrido antes do que reza a tradição cristã. Ao que tudo
indica, o massacre das crianças de Belém ocorreu no ano 7 a.C.
Durante séculos, astrónomos tentaram esclarecer o que era realmente a estrela
de Belém. A primeira hipótese é que se tratava de um cometa, corpo celeste
geralmente associado a importantes factos da história. Entretanto, pelos
cálculos feitos actualmente, nenhum cometa conhecido teria sido visto na época
do nascimento de Jesus. Vale ressaltar que não se descarta a hipótese de que
possa ter existido um cometa desaparecido tempos depois (todos os cometas
seguem uma trajectória regular em torno do Sol).
Mais tarde pensou-se em uma nova ou supernova, estrelas que explodem
tornando-se muito brilhantes. Graças aos grandes astrónomos orientais da
Antiguidade, porém, sabemos que não apareceu nenhuma nova ou supernova no
período em questão. As mais próximas do nascimento de Jesus datam de 184 a.C. e
123.
A única teoria mais forte foi anunciada pelo astrónomo alemão Johannes Kepler
(1571-1630), em 1606. Segundo ele, a estrela de Belém é o resultado de uma
tríplice conjunção de Saturno e Júpiter na constelação de Peixes, o que
significa que ambos os planetas teriam se alinhado três vezes em relação à
Terra e podiam ser vistos como um ponto de brilho intenso na constelação de
Peixes. O tríplice alinhamento é um fenómeno muito raro. Calcula-se que nos
últimos quatro mil anos ocorreu na constelação de Peixes apenas em 860 e
aproximadamente nos dias 12 de Abril, 3 de Outubro e 4 de Dezembro do ano 7
a.C.
Passamos a interpretar, então, as descrições dos textos sagrados: alguns
astrólogos judeus da Babilónia (os reis magos da tradição, embora nada indique
se tratar de reis), depois de observar a primeira conjunção em 12 de Abril do
ano 7 a.C. e outra por volta do dia 3 de Outubro, vêem nela o sinal da tão
esperada vinda do Messias para expulsar os invasores da Palestina. Partem então
em direcção a Jerusalém, onde chegam no final de Novembro. A terceira conjunção
confirma a convicção desses estudiosos que seguem, em torno do dia 4 de Dezembro, para Belém, distante oito quilómetros ao sul de Jerusalém, guiados
pelo grande ponto que brilha a frente deles ao cair da noite. De acordo com os
textos sagrados, foi a estrela que assinalou a aldeia onde Jesus nasceu.
«Os Três Reis Magos»
Os três Reis Magos com os Presentes
Mosaico da Basílica de San Apollinare Nuovo
(séc. VI D.C.) – Ravena, Itália
Reis magos é o nome que a tradição conferiu aos três
personagens que, segundo o Evangelho de Mateus, saíram do Oriente guiados por
uma estrela para prestar homenagem ao recém-nascido rei dos judeus (Mateus
2:1-12). O relato bíblico que se refere aos “magos”, mas não a “reis”, inspirou
a tradição cristã primitiva e a imaginação popular. Segundo Mateus, os magos
chegaram a Jerusalém perguntando pelo rei dos judeus recém-nascido, e foram
interpelados por Herodes. Este os incumbiu de localizar o menino e informá-lo,
pois queria ele também homenagear o rei dos reis. Avisados em sonhos de que não
deviam voltar a Herodes, tomaram outro caminho para o Oriente.
Os magos ficaram conhecidos como Melchior, Gaspar e Baltasar, mas as pinturas
das catacumbas e escritos do século I sugerem dois, quatro e até doze magos. O
número três pode corresponder aos presentes recebidos pelo Menino Jesus — ouro,
incenso e mirra — ou às três raças humanas representadas pelos reis. O nome
mago se aplica aos sacerdotes da antiga religião persa, membros de uma casta
coesa e poderosa, tidos como sábios e possuidores de dons divinos. Comumente
escolhidos para preceptores dos príncipes, chegaram algumas vezes a usurpar o
trono.
«Presépio»
A tradição atribui a criação do presépio a uma
reconstituição do nascimento de Jesus feita em 1223 por são Francisco de Assis
(c. 1181-1226), em Greccio, mas essa representação já era conhecida desde o
século IV.
Presépio é um grupo escultórico que representa o nascimento e adoração do
menino Jesus na manjedoura de Belém, em conformidade com o relato dos
Evangelhos e fontes apócrifas. Nossa Senhora, são José, anjos, pastores e
animais em torno do recém-nascido Jesus Cristo são as principais figuras do
conjunto, no qual aparecem também os reis magos, às vezes com seus séquitos,
camelos e outros animais.
A cena da natividade era erguida pelas freiras do Salvador já em 1391, em
Lisboa. Aproximadamente no século XVI passou a ser dramatizada com danças e
cantos populares. Por essa época somaram-se aos principais personagens do
evento figuras extraídas da vida camponesa e aldeã, mostradas em tarefas
cotidianas ou levando oferendas ao menino. Ao longo dos anos, essa tradição foi
conservada e transmitida em muitos lugares do mundo.
No Brasil, o presépio foi provavelmente introduzido no início do século XVII,
em Olinda, Pernambuco, pelo frei franciscano Gaspar de Santo Agostinho. Desde
então, os presépios são armados em dezembro em igrejas, casas e lojas, e
desmontados no dia 6 de janeiro do ano seguinte, coincidindo com o dia
atribuído aos reis magos.
«Missa do Galo»
A missa que se celebra na noite de Natal é chamada de Missa
do Galo. O seu nome provém de uma fábula segundo a qual este foi o primeiro
animal a presenciar o nascimento de Jesus, encarregando-se, em seguida, de
anunciar a todos o evento com o seu canto.
Até começos do século XX, era habitual que à meia-noite fosse anunciado de
dentro da igreja, por um canto de galo, o nascimento de Jesus. Essa missa
surgiu no século V, e a partir da Idade Média transformou-se numa celebração
jubilosa, diferente do caráter mais solene que tem hoje.
Tem suas origens na antiga crença germânica de que uma
imensa árvore sustentava o mundo e que em seus galhos ficavam penduradas
estrelas, a Lua e o Sol — o que explica o costume de colocar luzes nas árvores
de Natal. Era também o símbolo da vida, por não perder a folhagem verde no
inverno, quando a natureza parece morta. Nos países nórdicos, costumava-se
colocar em casa alguns galhos de pinheiro no inverno e decorá-los com pão,
frutas e enfeites para alegrar o ambiente.
A árvore, em si, tem vários significados religiosos que já foram usados como
símbolo de união do céu e da terra, pois fixa suas raízes na terra e ergue-se
até ao céu. Por isso, em muitas religiões, sobretudo nas orientais, a árvore é
um símbolo de encontro entre o homem e a divindade. Algumas tribos europeias,
americanas e grupos, como os druidas, reuniam-se ao redor de árvores sagradas
para entrar em comunhão com os seus deuses.
«São Nicolau»
A figura mítica do Pai Natal remete a São Nicolau,
padroeiro da Rússia e da Grécia. A generosidade a ele atribuída granjeou-lhe a
reputação de milagreiro e distribuidor de presentes.
A existência de Nicolau de Bari, ou Nicolau de Mira, nunca foi comprovada por
documentos, mas supõe-se que tenha sido bispo de Mira, na Anatólia, no século
IV. Preso em Roma pelo imperador Diocleciano (c.245-c. 316), implacável
perseguidor dos cristãos, teria sido depois libertado por Constantino o Grande
(c. 280-337) e participado do primeiro Concílio de Nicéia (325). Sepultados em
Mira, os seus restos foram roubados em 1087 e trasladados a Bari, na Itália.
Aumentou então a devoção pelo santo em toda a Europa medieval e Bari
transformou-se num dos mais procurados centros cristãos de peregrinação.
A transformação de São Nicolau em Pai Natal ocorreu primeiro na Alemanha.
Depois da Reforma, com a Europa convertida ao protestantismo, o culto do santo
arrefeceu. A sua lenda, no entanto, foi levada por colonos holandeses à América
do Norte, onde uma bondosa figura de velho tomou o nome de Santa Claus.
Festejado em 6 de Dezembro, tem a sua grande noite na véspera do Natal, quando
premeia com presentes as crianças.
Fonte: editorial.planetasaber.com/
«Santa Claus»
Thomas Nast/ 1881
Sem comentários:
Enviar um comentário