A pintora do modernismo brasileiro Anita Catarina Malfatti, ou simplesmente Anita Malfatti, nasceu em São Paulo, a 2 de Dezembro de 1889. Esta pintora, desenhista e gravadora brasileira, sofreu grandes influências do expressionismo. Anita Malfatti faleceu na sua cidade natal, a 6 de Novembro de 1964.
Poet'anarquista
Anita Malfatti
Pintora Brasileira
«Auto-Retrato»
Anita Malfatti
SOBRE A PINTORA…
Não fazia nem um mês desde que o Brasil deixara
de ter imperador para se transformar numa República,
quando nasceu Anita Catarina Malfatti. São Paulo, sua cidade natal, contava com
menos de 50 mil habitantes - e acabara de ganhar seu primeiro transporte
colectivo, o bonde puxado a burro.
Os primeiros estudos artísticos de Anita foram orientados pela mãe. Elisabete,
de nacionalidade norte-americana, era pintora, desenhista e falava vários
idiomas. Anita se formou professora aos 19 anos, no Mackenzie, em São Paulo.
Nessa época, morreu seu pai, responsável pelo sustento da família. A partir de
então, a mãe passou a dar aulas de idiomas e de pintura, e Anita começou a
trabalhar como professora. No entanto, seu talento para a pintura sensibilizou
o tio e o padrinho de tal forma que eles juntaram dinheiro para mandar a moça
estudar na Academia de Belas-Artes de Berlim, na Alemanha.
Lá, Anita foi a uma grande exposição de pintura moderna. "Eram quadros
grandes. Havia emprego de quilos de tintas, e de todas as cores. Um jogo
formidável. Uma confusão, um arrebatamento, cada acidente de forma pintado com
todas as cores. O artista não havia tomado tempo para misturar as cores, o que
para mim foi uma revelação e minha primeira descoberta. Pensei: o artista está
certo", ela contaria muitos anos mais tarde, ao recordar sua estada na
capital alemã.
Ela acabava de ter contacto com a arte dos rebeldes, desligados do academicismo
ensinado nas escolas. Na ocasião, Anita se deu conta de que nada no mundo era
incolor ou sem luz. Fascinada, aproximou-se do grupo e passou a ter aulas,
primeiro com Luís Corinth, o pintor daquelas telas, e depois com Bischoff-Culm,
aprendendo pintura livre e a técnica da gravura em metal.
A pintora voltou ao Brasil e realizou sua primeira exposição individual, em
1914. Em seguida, foi para os Estados Unidos onde
estudou com Homer Boss, com a liberdade de pintar o que desejasse, livre de
imposições.
Foi esse período que marcou a fase mais brilhante de sua criação. Anita
produziu telas como "O homem amarelo", "Mulher de cabelos
verdes", "O Japonês", ainda hoje tidas entre suas melhores
obras.
Em 1917, São Paulo já contava com quase 500 mil habitantes - mas ainda era uma
cidade acanhada em termos de vida cultural. Nesse ano Anita fez outra
exposição, muito importante porque foi considerada a semente do modernismo.
"Foi ela, foram os seus quadros, que nos deram uma primeira consciência de
revolta e de colectividade em luta pela modernização das artes brasileiras"
disse o escritor Mário de Andrade,
outro expoente do modernismo
brasileiro.
No entanto, o editor e autor Monteiro Lobato,
em artigo publicado no jornal "O Estado de São Paulo", criticou a
mostra, esperando atingir seu alvo principal, os modernistas, como Di Cavalcanti,
companheiros da pintora. Ela recebeu mal a crítica. Entrou em depressão e parou
de pintar. Um ano depois, decidida a ser mais convencional, foi tomar aulas de
natureza-morta com Pedro Alexandrino Borges, e se tornou amiga da pintora Tarsila do Amaral.
Os trabalhos de Anita foram exibidos na Semana de Arte Moderna
de 1922 e em outras exposições, onde foi premiada e consagrada. Em
1933, conquistou a grande medalha de prata do Salão de Belas-Artes em São Paulo
- nesse ano, a cidade completava a marca de um milhão de habitantes. Expôs na
1ª. Bienal Paulista, em 1951. Quando a população paulistana passava dos quatro
milhões, em 1963, Anita mereceu sala especial nessa mesma exposição.
A pintora teve um amigo, confidente, sua paixão platónica de toda uma vida:
Mário de Andrade. Ao que tudo indica, Mário sabia do amor de Anita, mas os dois
nunca falaram sobre isso. Ele morreu, solteiro, em 1945. No décimo aniversário da
morte do escritor, ela escreveu-lhe uma carta:
"Tenho medo de ter desapontado você. Quando se espera tanto de um amigo,
este fica assustado, pois sabe que nós mesmos, nada podemos fazer e ficamos
querendo, querendo ser grandes artistas e tristes de ficarmos aquém da
expectativa."
Fonte: UOLEducação
«Retrato de Mário de Andrade»
Anita Malfatti
«Cambuquira»
Sem comentários:
Enviar um comentário